Estratégia e negócios muito além do óbvio em três livros
Separei os principais títulos que ampliaram minha visão de negócios em 2022
Com a premissa de que menos é mais porque faz a gente ser objetivo e assertivo, indico três livros que foram fundamentais para ampliar minha visão de negócio em 2022.
O Rinoceronte Cinza de Michele Wucker
Esse foi um dos livros recomendados este ano na minha pós-graduação em Economia Comportamental que mais agregou a minha visão estratégica de negócio. Em um mercado vidrado em antifragilidade e cisnes negros, a teoria de Michele se mostra fundamental.
O rinoceronte cinza se refere a um tipo de problema que ninguém presta atenção. Assim como o animal, ele é grande, e por ser cinza passa despercebido. Quando visto, sobretudo de longe, pode ser subestimado, mesmo que o seu estrago ao atacar seja avassalador.
A teoria do rinoceronte cinza é a melhor metáfora para aqueles problemas que estão aparentemente distantes e, por isso, são postergados. A autora dá como exemplo a crise do subprime de 2008. Michele não concorda com Nassim Taleb quando ele chama o evento de cisne negro e mostra como as instituições financeiras já estavam avistando a questão e não fizeram nada para conter, resultando na crise.
Acredito que a crise econômica deste ano também foi um rinoceronte cinza após dois anos intensos de pandemia, mas foi uma questão ignorada e o resultado disso está sendo o impacto no mercado de trabalho tech, como já discutido anteriormente em outra perspectiva.
Rinocerontes cinzas são comuns e, tais quais esses animais, são problemas que causam estragos significativos quando se aproximam e atacam. Por isso, vale a leitura para quem busca uma condução de negócios mais segura e saudável, na medida do possível.
O coração do negócio: Princípios de liderança para uma nova era do capitalismo de Hubert Joly
O livro retrata a volta por cima da Best Buy sob a gestão de Hubert Joly que conduziu a recuperação da maior rede de lojas de eletrônicos dos Estados Unidos. Ele se tornou CEO quando todos davam como certa a falência da Best Buy, mas sob seu comando, a rede conquistou um exército de clientes satisfeitos.
No entanto, o que mais me chamou atenção nesse livro foi, de fato, pensar e repensar as possibilidades do capitalismo na Nova Economia, sobretudo com as novas gerações inseridas no mercado e economicamente ativas e com a crescente demanda por iniciativas ESG.
Joly acredita que mesmo o capitalismo tendo levado a sociedade a um período de desenvolvimento sem precedentes por meio de inovações que impactaram positivamente a vida das pessoas, o sistema econômico atual chegou a um impasse com as novas gerações insatisfeitas com a desigualdade social e crise ambiental. Para ele e para o Marc Benioff, CEO da Salesforce, "o capitalismo como conhecemos está morto" e, por essa razão, precisa ser repensado e o papel das empresas está no meio disso tudo.
De acordo com a abordagem de Joly, a iniciativa fundamental para essa virada de chave nas empresas é colocar, de verdade, as pessoas no "coração do negócio". Isso significa criar uma arquitetura que coloca pessoas criando e alimentando relacionamentos autênticos dentro de uma companhia e com as partes interessadas (clientes, fornecedores, comunidades locais e acionistas). Ele defende que ninguém quer ser um mero insumo ou capital humano.
No livro, Joly explica por que essa abordagem traz (1) entrega de resultados; (2) expande horizontes; (3) inspira pessoas; (4) garante que a atividade econômica seja sustentável e (5) traz lucro.
Onde Os Sonhos Acontecem: Meus 15 Anos Como CEO Da The Walt Disney Company de Robert Iger
Robert Iger assumiu o comando da Disney em 2005, um tempo em que a competição estava mais acirrada do que nunca e a tecnologia se transformava com uma velocidade impressionante.
No livro, talvez o mais clichê dessa pequena lista, ele conta como a Disney abarcou ativos como Pixar, Marvel, Lucasfilm e 21st Century Fox e conseguiu valor de mercado cinco vezes maior do que em 2005. Mas, pra mim, as duas lições mais valiosas desse livro são (1) o princípio de simplificar para atingir bons resultados (algo muito trabalhado em O Essencialismo de Greg McKeown, que é outro excelente livro, à propósito) e (2) a importância de ter pessoas boas não apenas boas no que fazem nas empresas.
Ao simplificar e restringir a visão em três ideias claras: (1) comprometer-se com a qualidade, (2) aceitar a tecnologia em vez de enfrentá-la e (3) pensar em escala global, Iger tornou a Disney uma marca mais forte nos mercados internacionais.
E o ativo fundamental para seguir com essas três ideias foi a aquisição de pessoas boas, por isso a importância de identificar valores como ética, empatia e honestidade durante o processo de seleção, e não somente focar nas skills técnicas que podem ser adquiridas com desenvolvimento e empenho pessoal.
Aliás, não faz muito tempo que li um post no LinkedIn de um profissional de marketing que falava que os melhores marketeiros com que ele trabalhou, pessoas que construíram resultados incríveis, foram aqueles que ele chamou de marketeiros de coração. Aqueles que colocam toda a energia para fazer uma ação dar certo e trazer resultados, sempre com muita sinergia na equipe e espírito de colaboratividade.
Para o próximo ano são esses princípios e essas discussões que espero encontrar no mercado e no LinkedIn. Que sigamos nesse trabalho de formiga para construir ambientes de crescimento para negócios e pessoas.
Feliz 2023 a todos.